sábado, 13 de agosto de 2011


SABOREAR CADA GESTO

Estou descobrindo que se faz necessário saborear cada momento, observar a beleza de cada gesto, estou saboreando cada novo momento, como é belo ser barbeado pelo meu pai, que cuidado e preocupação com o aparelho, com o pincel que espalha a espuma, o cuidado em não me cortar, uma barba que nunca levei mais de  dois minutos para faze-la ele leva quinze minutos e sempre rodeado de histórias, as barbas feitas no tio João, no vô Azarias e no futuro quando  estiver barbeando alguém que não seja eu as barbas no Fernando.
            Saborear um momento deste, somente estando dependente, eu teria esta sensibilidade estando em uma situação normal, acredito que não, preciso saborear mais todos os momentos de minha vida rever minha postura diante de Deus, das pessoas e das minhas escolhas.
            Saborear os gestos da minha mãe em me pentear querendo que eu esteja bonito (se é que isto é possível, rsrs) para a próxima visita ou mesmo para passar o dia bem.
            Estou saboreando que após a perda dos movimentos causados pela polimiosite, o aprendizado e recuperação são diários, eles vão voltando aos poucos e não em um passe de mágica, não é como as coisas do dia a dia que programamos as metas que temos mensalmente, é bem diferente, mas é maravilhoso comemorar cada novo movimento que reaprendo, são os pequenos movimentos que me levarão aos grandes movimentos novamente.
            A Tê (minha esposa) tem me ensinado muito, sei que não está sendo fácil para ela, pois são muitas preocupações, além do serviço e todas as responsabilidades ela consegue passar uma mensagem de otimismo, fé, aliás, Deus é muito presente na vida desta mulher, peço a Deus que não a desampare e que mande suas Bênçãos para que ela continue esta fortaleza.
            Preciso aprender a admirar os gestos da Rita, minha cunhada que na maior alegria num amanhecer, chegou dizendo que havia sonhado comigo andando até a sua casa, foi felicidade pura, pureza de espírito por parte dela.



“TODA A FELICIDADE E SOFRIMENTO DEPENDEM DA MENTE”
                                                             Pensamento oriental



                             Luiz Fernando Rezende
Vinho
Se você saboreia um bom vinho, este conseqüentemente foi gerado a partir de uvas nobres, selecionadas, envelhecidas em tonéis especiais. Com certeza o preparo da terra desde o plantio e o cultivo da videira, a analise do terreno foi vital para que seu paladar pudesse saborear este bom vinho.
O vinho envelhecido, tratado com carinho tem o poder de romper com os paladares mais exigentes, nos remete ao passado e nos projeta ao futuro, principalmente em companhias agradáveis.
O bom vinho combina com o frio das montanhas, combina com cabana, com lareira, combina com amor, combina com abraços e beijos combina com o luar, combina com os casais enamorados e com os amigos conquistados e a conquistar, combina com reencontro e com recomeçar, combina até com dor de cotovelo.
O vinho nos remete a saudades dos tempos em que éramos ainda jovens, na casa do vô Bepe o licoroso não faltava, na casa de meu sogro ele era degustado nos almoços em família e com o tradicional panetone no Natal, meu pai além de apreciá-lo, produz para o seu consumo, e não cansa de dizer que é “o melhor vinho do mundo”, quanta modéstia.
O vinho rompe com as barreiras mundanas e se transforma no sangue do Altíssimo, que unido ao Alimento nos abastece de ternura e amor, ele tem o poder e nos faz compromissados com o próximo. O vinho é o sangue que foi derramado por nós.




TEMPO DE REFLETIR, TEMPO DE MUDANÇA, TEMPO PARA ESPERAR E TEMPO DE CRESCIMENTO.

Vamos vivendo a vida e não percebemos que muitas vezes nos distanciamos de nossos objetivos e ideais propostos no passado quando o sonho parecia mais claro a nossa frente, provavelmente com as imposições da vida moderna em todos os âmbitos desde o consumo desenfreado a individualidade, a correria, a necessidade de formação constante vai nos tornando cada vez mais distante do que era nosso sonho.
Tenho observado uma necessidade por parte das pessoas de estarem atualizando seu currículo através de formações em Pós Graduações, Mestrados, cursos de idiomas,etc, pois se tornaram exigências do mercado, mas o principal que é o relacionamento interpessoal esta se perdendo.
Cada vez mais a tecnologia nos coloca distante das pessoas com as várias opções que ela nos dá entre computadores, TVs, celulares, enfim aparelhos diversos que nos afastam do dialogo interpessoal.
A apresentação de produtos aos quais muitas vezes não sabemos nem qual a sua necessidade para o dia a dia , faz com que sejamos escravos do consumo, as vezes percebo que comprar se tornou uma forma de prazer em minha vida.
Escondemos-nos por traz destas necessidades impostas por um mercado voltado ao consumo e nos afastamos das verdadeiras necessidades que temos que é: uma conversa franca; um passeio junto a natureza, uma lembrança que nos fez feliz no passado, um encontro com pessoas amadas.
Estamos doentes com a auto-estima baixa, nos afastando cada vez mais dos nossos sonhos, esta reflexão me deixa triste e me põem a pensar aonde estou errando, o que preciso mudar para resgatar meus sonhos, será que ainda tenho sonhos ou sou mais um neste mundo que aceito a todas as imposições do mercado, da igreja dos radicais, dos detentores do poder? Precisamos ser mais questionadores e não aceitarmos todas as imposições como cordeirinhos!
Se não dá para mudar o mundo talvez de para mudar a mim mesmo!



OBSERVATÓRIO


OBSERVATÓRIO
Carlos Henrique casado com Mariana observada por Heitor casado com Caroline observada por Carlos Henrique.
Adailton namora Karla, faz planos com ela, mas não se esquece de Daniela sua primeira grande paixão, Daniela a distancia observa Heitor o homem que a encantou quando num encontro casual.
Mariana reclama com Carlos Henrique a maneira a qual ele vem tratando ela quando na presença de seus amigos, Carlos Henrique se diz num momento delicado na sua carreira.
Leonardo amigo de Daniela não sabe como se aproximar e se declarar, acredita que a amiga não lhe dará crédito, pois afinal são muitos anos de pura amizade.
Daniela não percebe este carinho, pois está presa nas lembranças que a impedem de se libertar e observar o grande amor de sua vida bem ali do seu lado.
Karla está feliz, sua vida é tudo aquilo que pediu a Deus, tem um homem que a deseja, Adailton não sabe se será feliz com Karla, teme por Daniela.
Lucas não se cansa de pensar na hipótese de que Karla ainda estará nos seus braços, juras de amor dos tempos de crianças.
Fabiana mesmo encantada com seu novo affaire não esquece as promessas feitas por Carlos Henrique quando eram namorados, há tanto tempo.
Hortência começa o ano letivo escolar muito interessada na matéria que mais tem dificuldade, sua mãe se alegra com o interesse da filha e a filha se encanta com o professor Leonardo.
O professor Leonardo admirado com o interesse da aluna se oferece para ajudá-la nas suas dificuldades, marcando algumas aulas de reforço.
Daniela percebe o distanciamento do amigo e começa a sentir a falta de sua companhia, está triste, o que estaria acontecendo com o seu coração?
Mariana está magoada, pois Carlos Henrique continua se distanciando, Heitor percebe esta tristeza e se aproxima com a melhor das intenções.
Caroline nota que Heitor tem mudado sua rotina, Heitor afirma que atravessa um momento delicado na sua carreira.
Joaquim vive feliz com Maria Elena, são tantos anos de convivência, filhos, netos, muitos amigos e admiradores que se encantam com a humildade e amor do casal, não deram oportunidades para as crises tomarem conta de sua relação, optaram por serem felizes. Escolheram envelhecer juntos...


Luiz Fernando Rezende

ENVELHECER


ENVELHECER
Vinte duas horas e trinta minutos, o telefone toca, após um final de semana onde o ideal era que eu tivesse descansado, me levanto irritado, pois não fazia mais de quarenta minutos que havia me deitado, do outro lado da linha uma pessoa que nunca havia me ligado a Sofia filha da tia Solange e do tio Samuel. Assustado e não reconhecendo a pessoa que estava do outro lado da linha, após muita explicação por parte da moça, enfim reconheço e me desculpo por não te-la reconhecido no primeiro momento.
Sofia uma prima distante, talvez pela idade e criação muito rígida logo e bem cedo se casou e então o que resta de um relacionamento distante é o respeito nos momentos em que por acaso nos encontramos na rua ou em algum velório, alias velório era o motivo de sua ligação.
Ela ligara para informar o falecimento do tio Samuel, morte natural aos 87 anos, pedindo que informasse toda a família, após meus pêsames nos despedimos.
Como o horário já era avançado, imaginei que meus pais estivessem dormindo e deixei para avisa-los no dia seguinte bem cedinho.
Retornei ao meu precioso sono, na segunda às seis horas da manhã acordei, fiz o café comprei os pães e após levar as crianças para escola passei na casa de meus pais e para minha surpresa os dois tinham passado a noite no velório, estas noticias não andam, voam.
Minha mãe me disse que tinha sido avisada pela tia Aurora por volta das duas da manhã e que solicitamente se dirigiu ao velório, pois a tia estava muito ansiosa para ir prestar suas últimas homenagens.
Encontrei meu pai sentado a mesa tomando o café da manhã e com uma disposição de quem teria passado a noite toda dormindo. Sentei-me ao seu lado, parti um pedaço de pão enchi a xícara de café e comecei a ouvir os comentários de meu pai a respeito do tio Samuel.
“Tão jovem, ontem mesmo passei por ele caminhando na avenida com uma disposição e um sorriso que lhe era peculiar, não da para acreditar que ele morreu tão novo”.
Após estes e outros comentários me despedi e voltei para casa pensando nos comentários que o meu pai um homem de 71 anos havia feito a respeito do tio Samuel “morreu tão jovem”.
Comecei a pensar em minha vida, eu um homem de 42 anos me sentindo tão velho e o tio Samuel “morreu tão jovem”, será que aprendemos o verdadeiro sentido da juventude quando estamos próximos do anoitecer da vida? Bom o comentário partiu de meu pai, talvez o tio Samuel não se sentisse tão jovem assim, mas o meu pai já está com mais de setenta, e se ele acha o tio tão jovem, provavelmente ele ainda se considera uma criança e eu ainda esteja engatinhando, sou apenas uma criancinha, alias os nossos pais nos consideram sempre “as crianças”.
Comecei a refletir a forma como tenho levado a minha vida, com comportamentos de angustia, estresse, ansiedade, raramente um sorriso no rosto e sempre pensando no dia do amanhã, realmente com estes sentimentos estou muito velho e meu pai provavelmente esteja vivendo nos seus setenta e um anos um momento de muita jovialidade. Talvez ele nem perceba, mas naturalmente a vida para ele lhe traga esta sensação de jovialidade, pois analisando melhor, meu pai é um homem tranqüilo, raras são às vezes em que o percebo alterado, sempre disposto e com muitos planos para o futuro, planos e não ansiedades futuras.
Voltei a pensar em minha vida e nas palavras de meu pai “morreu tão jovem”, fico pensando se o velório fosse o meu, para o meu pai eu estaria morrendo prematuramente, mas qual é o meu sentimento verdadeiro a respeito da minha vida? Aos meus olhos não estaria eu mais velho do que o tio Samuel? Não estaria muito preso aos esquemas da vida, a esta vida metódica, só de correria, só de resultados? Qual seria a impressão que eu deixaria aos meus filhos, comentariam dos planos futuros a realizar e dos planos atuais nunca realizados, daquela viagem que ficou para o próximo ano, da caminhada combinada, mas sempre para amanhã, pois nunca tinha disposição, pois havia trabalhado muito naquele dia?
Questionamentos, que evitamos a vida toda, pois eles provocam crises, mas que merecem ser revistos em nossa jornada no dia a dia.
Luiz Fernando Rezende





O grande homem é aquele que não perdeu a candura de sua infância.
Provérbio Chinês









LUIZ FERNANDO REZENDE

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Apresentação

Através deste blog gostaria de postar alguns textos elaborados por mim, textos que sempre vem de encontro com minhas reflexões sobre a vida